sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Arte da cantaria em vias de extinção


A cantaria, arte em pedra e um ofício em vias de extinção em Portugal, está a ser homenageada no Algarve através de uma exposição do artista "Tólica Barranceira", um canteiro cujo nome real é Manuel Nunes Brito.

São cerca de 80 as obras de arte de 'Tólica Barranceira', o cognome de Manuel Nunes Brito, mestre algarvio em cantaria, e que estão patentes até 23 de Fevereiro no Convento de Santo António, em Loulé.

O artista Tólica Barranceira, com o seu martelo, escopro, esquadro, força de braços e muita mestria, é o autor de muita da arte de cantaria que se pode apreciar em alguns edifícios em Faro, nomeadamente na Sé de Faro, na Agência do Banco de Portugal em Faro ou na Escola Secundária de João de Deus (antigo Liceu de Faro).

Nos anos 30, 40 e 50, a profissão de canteiro era muito usual em Portugal, nomeadamente em Faro e Loulé, pela pedra em granito que existia e muitos dos canteiros portugueses migravam para ir trabalhar em Espanha e até em França no Arco do Triunfo.

Havia famílias de canteiros com tradição, mas hoje a "a cantaria enquanto arte e ofício manual está em declínio na região e um pouco por todo o país", explicou à Lusa Luísa Martins, responsável pela organização da exposição de Tólica Barranceira em Loulé.

Apesar de estar em vias de extinção, existe em Portugal uma escola em Lisboa e uma Universidade do Norte com cursos de cantaria e onde se ensina a arte de canteiro, tal como existe também na Galiza (Espanha), região para onde muitos canteiros portugueses migraram para trabalhar a arte da pedra, adiantou a especialista.

"na essência da cantaria está muita da simbologia maçónica, como o esquadro, o compasso, porque a filosofia da pedra significa que perdura nos tempos e que é pura", explicou Luísa Martins.
Na exposição, denominada "Tólica Barranceira - do trabalho de cantaria à criação artística", o público pode apreciar uma série de imagens de escultura com um metro e meio de altura de anjos e figuras femininas a orar, mas também rostos em escultura com sorrisos enigmáticos e círculos que parecem sóis bordados com flores e rosas.

O mestre algarvio começou a desenvolver a escultura em pedra como auto-didacta e ficou conhecido pela forma eloquente no estilo da estatuária, decorativo e geométrico.

A exposição de Tólica Barranceira pode ser vistos até 23 de Fevereiro, de segunda a sexta-feira, das 10:30 às 17:30 e aos sábados das 10:30 às 14:00 e a entrada é livre.

23 de Janeiro de 2008 | 17:32
lusa

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