domingo, 10 de agosto de 2008

Um abraço ao comandante Francisco Lourenço


Francisco Lourenço abandonou o comando dos Voluntários de Cantanhede. Sete anos depois
Cansaço. Muito cansaço. Sete anos depois, o comandante Francisco Lourenço despediu-se da vida operacional e passou a integrar o quadro de honra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Cantanhede. Ao Diário de Coimbra o comandante confessou sentir-se «cansado» e afirma que, apesar de esta não ser a «melhor altura», uma vez que «estamos no Verão» e no «período dos fogos», foi a altura que entendeu como a melhor para pôr termo a uma vivência intensa, para a qual a saúde já começa, também, a oferecer algumas resistências.
Com 62 anos, Francisco Lourenço já teve vários problemas de saúde, tendo, inclusivamente, sido operado a um pulmão. Todavia, recentemente, ter-se-á sentido menos bem. Segundo apurámos, no grande incêndio que lavrou há cerca de duas semanas na zona de Ançã, o desde ontem comandante do quadro de honra terá tido problemas, em pleno cenário de combate às chamas, tendo necessidade de receber tratamento no local
Francisco Lourenço não desmente estes problemas, mas prefere falar em «problemas de ordem pessoal» e no facto de a família – nomeadamente um neto com quatro anos – precisar do seu apoio. Sublinha um «grande cansaço», tendo em conta as muitas exigências que o comando operacional implica. Reconhece, todavia, que o incêndio de Ançã, pela dimensão que atingiu e pela forma como decorreram as operações de combate, “pesou” na sua decisão de deixar a vida de operacional. «É preferível assim», afirma, fazendo denotar algum desencanto por não ter ao seu serviço os meios que desejaria, no sentido de garantir mais e melhor eficácia na actuação.
Funcionário aposentado do Hospital, Francisco Lourenço entrou para a Associação Humanitária dos Bombeiros de Cantanhede em 10 de Janeiro de 1984 e foi nomeado comandante a 18 de Outubro de 2001, tendo tomado posse um mês depois. «Já são muitos anos», enfatiza, acrescentando, todavia, que não se vai “aposentar dos bombeiros”. «Posso dar algum contributo de outra maneira», refere Francisco Lourenço.
O pedido de Francisco Lourenço para passar ao quadro de honra foi aceite pelo Centro Distrital de Operações e Socorro de Coimbra e entrou ontem em vigor. «Aceitámos», disse ao Diário de Coimbra ao tenente- -coronel Ferreira Martins, considerando que em causa está «uma prerrogativa que lhe assiste».
De acordo com aquele responsável do Comando Distrital de Operações de Socorro de Coimbra, o comando dos Voluntários de Cantanhede vai, a título interino, ser assegurado pelo segundo comandante da corporação, João Cunha dos Santos. Ainda de acordo com o tenente-coronel Ferreira Martins, cabe à direcção da Associação Humanitária realizar as demarches necessárias tendentes a propor um novo elemento para substituir Francisco Lourenço. Apesar das várias tentativas, o Diário de Coimbra não conseguiu falar com Idalécio Oliveira, presidente da direcção.

Fonte: Diário de Coimbra

Manuela Ventura

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