terça-feira, 12 de agosto de 2008

Os moinhos de água de Cochadas estão de novo no activo

Em Cochadas, directa ou indirectamente, todos os habitantes se sentem intimamente ligados aos moinhos de água existentes nesta localidade da freguesia da Tocha. Uns porque foram moleiros, outros porque tiveram alguém na família que aproveitava a força das águas da ribeira e moía a sua farinha. Mas «não há ninguém que não tivesse alguma ligação com os moinhos», assegura Carlos Pedreiro, presidente do Centro Popular de Trabalhadores das Cochadas.
Maria Augusta Ribeiro é um exemplo dessa ligação. «Lembro-me de moer a farinha de centeio e cevada», diz esta residente de Cochadas. «Era uma alegria», recorda, com emoção, ao falar do espaço que outrora era palco de grandes movimentações e hoje, muitos anos depois, está transformado em zona de lazer.
Mas nem sempre foi assim. Os moinhos de água, entre a altura de funcionamento e a entrada das obras de requalificação, ontem inauguradas, estiveram algum tempo «às silvas». Maria Jorge, também ela de Cochadas, lembra-se perfeitamente desse período e «era uma pena» que assim fosse, que o espaço onde noutros tempos se exercia uma profissão que permitia «abastecer as freguesias das redondezas com farinha» estivesse «abandonado».
A vontade do povo fez-se sentir e o poder local ouviu e concretizou os anseios da população. Ontem deu-se o ponto alto, com a inauguração das obras de recuperação dos moinhos de água, que funcionam e moem farinha, e valorização paisagística da zona envolvente. E «ficou como antigamente», dizia um habitante, que assistia à cerimónia de inauguração do espaço.
O desejo de obras «vinha de há muito tempo», recordou o presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, João Moura, enaltecendo a «vontade local» que, conjugada com o esforço da junta de freguesia permitiu «dar outra dignidade à zona». Sendo certo que a obra «custou dinheiro», cerca de cem mil euros, João Moura, considera que o investimento está à vista. «O que vi há alguns meses não tem nada a ver com aquilo que hoje estou a ver», afirmou o autarca, destacando a «harmonia» que se sente no espaço que vai servir não só a localidade de Cochadas, mas todo o concelho. E o que está à vista «é uma sala de visitas de Cochadas», considerou o presidente do Centro Popular de Trabalhadores das Cochadas, falando no espaço «de lazer e história» que esta localidade do concelho da Tocha conquistou.
«Obras destas identificam as Cochadas e o concelho», afirmou Carlos Pedreiro. «As Cochadas já mereciam esta obra», disse, por sua vez, o presidente da Junta de Freguesia da Tocha. Falta agora que todos cuidem dela e nesse sentido «a população tem de fazer um esforço e vigiá-la e conservá-la», disse o presidente da Câmara de Cantanhede.

Espaço preserva valor patrimonial

Quase cem mil euros de investimento permitiram a recuperação dos moinhos de água das Cochadas e da zona envolvente, criando um espaço de intervenção sócio cultural cuja dinamização ficará a cargo do Centro Popular de Trabalhadores das Cochadas. Com esta intervenção a Câmara de Cantanhede pretende preservar o valor patrimonial dos moinhos tradicionais enquanto elementos representativos da história económica e social do concelho. Ao mesmo tempo pretende-se utilizar o espaço para a promoção de acções pedagógicas orientadas para diferentes níveis escolares, uma vez que ali podem ser dadas autênticas lições de história e tradições locais e demonstrações práticas de princípios básicos de ciência, física e matemática.
No espaço, e para além de moinhos de água recuperados, um deles em funcionamento, há também zonas de lazer, percursos de acesso devidamente construídos, zonas de jardim e um grande lago cuja água serve de força motriz ao moinho.


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