quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Analfabeto político





"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertolt Brecht (1898-1956)

Versão brasileira

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Mas prefiro o que penso:

O pior analfabeto politico é o que não sabe assumir os seus erros, nem sabe o que é a política. Participa por razões que só ele conhece. Sabe o custo de vida, o preço do pão e também das marcas caras. Só não sabe que vive num mundo paralelo aos que sofrem, aos que não têm o tal pão. O analfabeto politico não é burro, faz-se e vai -se fazendo.

Há muitos anos li Gil Vicente na sua peça de teatro A farsa de Inês Pereira, onde guardei esta frase lapidar "Mais quero asno que me leve do que cavalo que me derrube." São assim os tais políticos, politiqueiros e seguidores... e andam por perto.

1 comentário:

Carlos Rebola disse...

Amigo José Vieira

É pena que os políticos, por acção de alguns, a começar por alguns "conhecidos" autarcas, quer queiram ou não ao sabor das decisões judiciais (raras neste campo) estejam ligados á corrupção. O que distorce a imagem que temos da própria politica, a política é feita dia a dia por acções, intervenções, ignorâncias e omissões de todos nós cidadãos sempre intervenientes até na mais pura inacção, Aristóteles dizia que "o Homem é um animal politico" porque é um interveniente nas "Res publica" mesmo no mais profundo alheamento da coisa social, pois é este alheamento que é perigoso e deixa o caminho livre para todos os desmandos políticos.
"Bem tentais não vos ocupar de política, mas a política ocupa-se de vós" escreveu Charles Montalembert no século XIX.
Um abraço
Carlos Rebola