terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Cinco mil postos de trabalho em risco no sector das confecções


Quarenta empresários reuniram ontem em Oliveira do Hospital e pedem medidas de apoio a uma indústria que, segundo dizem, continua a ser a «maior do país». Representante das confecções garante que uma das saídas para esta crise é comprar “português”.
São ainda os principais empregadores da região e reuniram ontem de «emergência» em Oliveira do Hospital para consertar estratégias, face à quebra de encomendas que está a atingir o sector das confecções. Ao todo representam cinco mil postos de trabalho, sendo que só o concelho de Oliveira tem cerca de dois mil trabalhadores dependentes desta indústria. Confrontados com uma quebra acentuada das encomendas para os próximos meses, estes empresários solicitaram uma reunião com a associação representativa do sector – a ANIVEC Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecções – com o objectivo de fazerem sentir ao Governo a crise que atinge, segundo os próprios industriais, de forma grave, o sector do vestuário e confecções, e exigirem algumas medidas de apoio.
Da reunião de ontem saiu um conjunto de reivindicações que os empresários reputam de justas para um sector que continua a ser responsável por uma parte significativa das exportações e que emprega em todo o país mais de 150 mil pessoas. «Portugal é conhecido por fazer confecções e por fazer as melhores confecções do mundo, não é conhecido por fazer automóveis», considera o presidente da ANIVEC, Orlando Lopes da Cunha, que ontem acusou directamente a Comissão Europeia de ter uma grande quota de responsabilidade nesta crise ao ceder ao «lobbie poderosíssimo» das «grandes marcas internacionais», deixando que a livre circulação de mercadorias se faça «sem regras». Orlando Cunha garante que os empresários portugueses não têm medo da competição, nem dos chine-ses, desde que essa competição se faça com as mesmas regras para todos. «A Europa está transformada num imenso ringue de boxe em que uns lutam com luvas de boxe e outros podem jogar com os pés, com as mãos, em que vale tudo», comparou o representante dos industriais, que prefere ser rotulado de «proteccionista» do que ser «coveiro» de todo um sector, que no seu entender, é um dos pilares da economia real do país.

“Pacote” de medidas
Apreensivos relativamente ao futuro, os empresários pedem assim ao Governo que crie também medidas excepcionais de apoio a esta actividade, tais como a redução das contribuições para a Segurança Social. «Isto está-se a passar em todo o mundo, ainda que por um período limitado de tempo, é preferível ter as pessoas razoavelmente empregadas, do que no desemprego, é uma questão de bom senso», afiançou, defendendo ainda um conjunto mais alargado de apoios, que vão desde a alteração do critério de pagamento do IVA às empresas, à revisão do conceito de PME – com o objectivo destas empresas poderem ter também acesso às linhas de financiamento disponibilizadas para as micro e pequenas empresas – à questão do lay off sem custos para as empresas, isto é, as fábricas poderem flexibilizar o tempo de trabalho de acordo com as encomendas, uma vez que algumas estão em risco de não ter trabalho e de ter de assumir os encargos com os trabalhadores.
Os empresários pedem ao Governo que apoie com formação esse «excedente» de horas para os trabalhadores, assim como pedem também que os despedimentos por mútuo acordo possam ser feitos de forma ao trabalhador poder ter acesso ao fundo de desemprego. “Mão menos pesada” das Finanças e da Segurança Social na cobrança das dívidas é o que estes industriais apelam também à tutela, numa altura em que o cerco se aperta sobretudo para os gerentes, que não compreendem que no fim ainda possam ter processos crime.
«Alguma coisa está mal para ninguém querer ser empresário, os nossos filhos não querem dar continuidade a isto, nós andamos a educá-los para depois irem para Lisboa para um emprego do Estado, isto não pode acontecer», lamenta o dirigente da Associação que apontou entretanto algumas medidas de fundo para combater esta crise. Primeiro, consciencializar o povo de que tem de consumir português. «É importante comprar português para a sobrevivência do tecido empresarial nacional», referiu considerando igualmente imperioso o combate a uma globalização «criminosa» e «apressada» que esteve na origem de todos estes problemas e que está a levar não só esta indústria, mas este sector em particular, ao «desespero».

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