terça-feira, 18 de novembro de 2008

Viaturas dos bombeiros penhoradas e prestes a serem apreendidas


Os Bombeiros Voluntários de Cantanhede estão em autêntica ebulição. Habituados a apagar fogos e a socorrer vítimas, a corporação parece não encontrar antídoto para “apagar” o mau estar que se vive no seu seio. Os problemas são mais que muitos, e para agravar a situação, um antigo bombeiro dispensado pela anterior direcção - por sinal o único no activo distinguido com o “Crachá de Ouro”, originou a penhora de duas viaturas da corporação após ter ganho no Tribunal de Trabalho uma acção que interpôs contra o seu “despedimento”. Tribunal que condenou a associação dos bombeiros a pagar uma indemnização de quase oito mil euros ao referido bombeiro, e que esta não acatou. Daí a acção de penhora das viaturas (o carro de comando e uma pick-up equipada com diversas valências operacionais oferecida há dois anos pelo Intermarché).
E se a direcção dos bombeiros não acatou a sentença do tribunal no pagamento da indemnização «nem fez qualquer depósito de caução após recurso interposto», ignorou a respectiva penhora e terá autorizado que os carros penhorados continuassem a ser utilizados, o que configura «um crime de desobediência». Acção que originou uma notificação da solicitadora encarregue do processo à GNR de Cantanhede «para que as viaturas sejam apreendidas».
Estes factos foram ontem confirmados ao Diário de Coimbra pelo advogado do bombeiro em litígio com a direcção da associação humanitária, Miguel Saraiva, que garantiu que a penhora «está feita e registada» há cerca de dois meses. O recurso da associação à sentença do Tribunal de Trabalho não «suspendeu a decisão da sua execução», e Miguel Saraiva, sabe o nosso Jornal, avançou com a penhora das duas viaturas. Agora, face à ineficácia da penhora (os veículos têm continuado no terreno), Miguel Saraiva garante ao nosso Jornal que a solicitadora já notificou a GNR de Cantanhede para que as mesmas «sejam de imediato apreendidas», o que na opinião deste causídico, pode acontecer nos próximos dias.

“Estamos a aguardar”
O presidente da associação humanitária também confirma a penhora, mas adianta que os seus serviços jurídicos recorreram da sentença do Tribunal de Trabalho que dá razão ao bombeiro dispensado. «Baseámos o nosso recurso no facto de sermos uma instituição de utilidade pública e as viaturas penhoradas serem instrumentos de serviço público, e agora estamos a aguardar», explicou Idalécio Oliveira.
Recurso que, segundo apuramos, deveria ser acompanhado por um depósito de caução no valor da indemnização a pagar ao bombeiro dispensado, mas que os advogados da associação, frisou Idalécio Oliveira, «entenderam que não se devia fazer».
«Esta é uma situação que cria um certo mau estar, não é desejável, mas existe e não podemos virar as costas», refere este dirigente, visivelmente constrangido por ver o nome dos bombeiros e da associação «de certa forma manchado».
Mau estar que, por mais que se tente disfarçar, também se instala no seio da corporação. Já não bastava a demissão do antigo comandante Francisco Lourenço, é voz corrente que o novo comandante indigitado (major Mário Vieira, actualmente a tirar um curso de comando), «logo que tome posse vai reformular o comando e dispensar o comandante interino (João Cunha) e o ajudante de comando (Jorge Jesus)».
Estas “vozes” talvez tenham a ver com a ausência destes dois operacionais no almoço de aniversário, realizado domingo passado (ler caixilho), mas tanto um como outro desvalorizam o comentário.
Um operacional que não quer ser identificado diz ao nosso Jornal que desde a demissão de Francisco Lourenço, «que cavou a sua própria sepultura» e que «se não se demitisse era demitido» se vive na corporação «uma grande desestabilização» e que constantemente «se estão a engolir sapos vivos». Por isso, diz este operacional, o novo comandante, quando tomar posse, «vai fazer uma limpeza» e os “sacrificados”, refere, são as cúpulas do comando interino (leia-se João Cunha e Jorge Jesus).

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