sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Ministra admite substituir modelo de avaliação no próximo ano lectivo




3 comentários:

Carlos Rebola disse...

Professores! Só tenho que estar grato, pela lição de cidadania activa, que vocês, uma das classes profissionais mais culta do país, esta dar a todos os cidadãos maltratados e conformados, mas também e principalmente, pela educação (em sentido lato) que estão a transmitir àquela gente do ministério duma estranha educação, que pelos vistos nem uma das quatro operações básicas da aritmética ainda aprendeu.
Precisamos duma escola que forme e ensine...os que precisam.
A última lição da jubilada, está a ser dada pelos que tutelou (parece-me que de facto já não tutela), como é da praxe.

Abraço
Carlos Rebola

Manel disse...

«Os professores portugueses não se cansam de nos surpreender. Há uns meses, descobrimos que já não estão à altura de impedir um aluno de usar o telemóvel durante a aula. Nas últimas semanas, porém, ei-los na rua a provar que ainda chegam para fazer recuar um governo. A questão é inevitável: que pensar de um sistema de ensino onde os professores têm aparentemente mais força para submeter um ministério do que para manter a disciplina nas salas de aula? Que talvez não sirva para aquilo que deveria servir, mas que serve certamente para outras coisas.

Entre o telemóvel de Março e a greve de Dezembro, o actual sistema de ensino deu-se a conhecer em todo o seu esplendor. Os alunos não respeitam os professores porque sabem que, numa escola que se quer "inclusiva" a todo o custo, nada de sério lhes pode acontecer, por pior que seja o seu comportamento. Os professores, pelo seu lado, não respeitam o ministério porque percebem que o objectivo da actual equipa governamental não é transformar o sistema, mas apenas obter mais com o mesmo - e que portanto lhes basta não preencher as fichas, para tudo parar. O presente regime de ensino faz a fraqueza subir pelo sistema acima: os alunos têm a força que falta aos professores, e os professores a força que falta ao ministério.

Como já toda a gente compreendeu, porque os representantes dos professores fizeram questão de explicar, a questão não é esta avaliação, mas qualquer avaliação, seja qual for o modelo, que tenha como princípio diferenciar os professores. Os líderes da resistência à avaliação têm uma ideia do que deve ser a classe profissional que dizem representar: uma massa igualitária e anónima, onde ninguém se distingue e ninguém é responsabilizado pelo resultado do seu trabalho.

Os alunos abandonam a escola, falham nos exames nacionais e deixam péssima impressão nos testes internacionais? Segundo os delegados da classe docente, nada disso tem a ver com as escolas e os professores, mas com a "sociedade". É uma tese curiosa. O país, através do Estado, gasta o que tem e o que não tem no ensino. E os agentes desse ensino vêm agora confessar, na cara dos contribuintes, sem complexos, que quase não faz diferença: quem tem de aprender, aprende; e quem não tem, não aprende. As estatísticas confirmam: para se garantir êxito escolar, convém ter pais da classe média, viver nas urbanizações do litoral, e frequentar uma escola privada.

Para que serve então esse sistema que, conforme nos prometeram, ia distribuir oportunidades a todos e transformar-nos numa Finlândia com sardinha assada? Para diminuir as desigualdades, não. Para fazer crescer a riqueza, também não. Serve para isto, segundo os porta-vozes dos professores: para ajudar mais de 100.000 portugueses a fazer uma experiência sociológica única - uma vida profissional sem hierarquias, sem obrigação de sucesso, e que seria talvez perfeita, não fossem os alunos e os seus telemóveis.

Durante anos, os licenciados da Europa de leste que empregámos como serventes de pedreiro deveriam ter-nos provado que as credenciais académicas, só por si, não salvam ninguém. Os nossos licenciados, porém, só ultimamente começaram a rimar com desempregados. É que, durante muito tempo, o Estado lá os foi encaixando: a uma parte, aliás, como professores. A classe docente, numerosa e relativamente bem paga, é provavelmente ela própria o principal produto do investimento na educação em Portugal: antigos estudantes dos cursos de apontamentos e fotocópias, que o engenho nacional fez multiplicar, e a quem por via do Orçamento do Estado se deu um lugar à mesa da classe média. Subitamente, eis que os Governos diminuem os lugares e o actual ministério vem com exigências que não constavam do contrato original. A tribo, como é compreensível, saiu à rua para zelar pelas suas prerrogativas ancestrais. O sistema é uma grande pescada de rabo na boca, em que a pescada tentou dar ultimamente uma dentada em si própria.

A intransigência professoral expressa uma grande tentação: a tentação de todos os instalados nos "sistemas" estatais ou protegidos pelo Estado resistirem a quaisquer mudanças, na esperança de que o regime actual aguente, na forma em que o conheceram, pelo menos até ao momento de poderem escapar-se com a devida pensão de reforma. A maioria, na meia-idade, nem precisa de muito tempo. Depois, que venha tudo, até o dilúvio: já hão-de ser as gerações mais jovens a penar. No caso dos professores, ficarão assim vingados dos alunos que agora os atormentam nas aulas. No que não deixará de haver uma certa justiça.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Rui Ramos.

Caríssimo,
O Sr. Mário Nogueira é suicida para a causa dos professores e enterra o PCP.
Repara que talvez a maioria dos portugueses olha com indiferença o que se está a passar e são poucos os que apoiam os professores neste beco sem saída que o Sr. Nogueira os colocou.
O Sr. Nogueira não quer guerra com a ministra, mas sim com o 1º ministro, e só essa serve a estratégia. Os professores, apesar de terem as suas razões, estão a ser os peões do tabuleiro.
É tempo de os bons e excelentes professores, que os há, mandarem o Sr. Nogueira e a treta da solidaridade de classe que ele prega às urtigas.

Um abraço
Manel

José Vieira disse...

Este senhor, rui qualquer coisa, deve fazer parte daqueles em a caspa é a frustração dos seus dias.E depois diz esses disparates em ignorância ou encomenda...Em termos pedagógicos só asneiras, e politicamente não mostrou nenhuma coerência.Que modelo de educação defende?? Que é que já leu das ciências da educação?? Que autores defende?? lançe daí desse pedestral as soluções mágicas para a resolução dos problemas da educação nacional...os professores, o ministério, os alunos e pais ficavam-lhe gratos.
É que quem sabe da matéria neste País é estupido, ignorante... e os sábios parece que são todos menos os professores e investigadores na área da educação.É ridiculo escrever sobre o que não se domina.Opinião? pois podeis tê-la como eu tenho sobre os gambozinos*...
A impunidade e falta de senso são apanágio da nossa democracia.E a ignorância fá-los parecer a liberdade.

*Gambozinos, s. m. pl. pássaros ou peixes imaginários com que se iludem os ingénuos, mandando-os caçar ou pescar esses pássaros ou peixes; (prov.)
Andar aos gambozinos: Vadiar.