domingo, 25 de outubro de 2009

Cain

Mais um livro que figura na minha biblioteca. Esperava este livro há algum tempo e a polémica que se atravessou com a sua publicação fez-me comprá-lo e lê-lo rapidamente.E valeu a pena! É excelente como todos os livros de Saramago.
É a visão de Saramago sobre Cain na sua passagem pela bíblia. É mais uma leitura possível e literária sobre o assunto.Nem a vejo como uma crítica à existência de Deus, mas sim à forma como a igreja tem lidado com as interpretações únicas sobre a biblia. O livro de Saramago é um livro de reflexão, actual, irónico que desafia a imaginação de cada um de nós em plena liberdade.
Tanta polémica para nada. Saramago apenas trás a público o que tantos pensam.
Devemos sim questionar(e isso devia dar debates na TV) posições como a do senhor político que tem a atitude digna de um talibã, ao insinuar que Saramago deveria renunciar à cidadania Portuguesa. Esse senhor esquece-se que a liberdade de expressão é o valor mais "sagrado" que existe? E este assunto é que deveria dar polémica e não a liberdade literária, a liberdade da criação artística e a liberdade de expressão.

2 comentários:

Carlos Rebola disse...

Se é do "Verbo" da palavra que se trata, não entendo a polémica. Penso que a "Bíblia Sagrada", o "Caim de Saramago" estão no mesmo contexto da expressão através da escrita. Também me parece, com mais força, que a questão é fundamentalista, parece existir um fundamentalismo cristão que não tem nada a ver com o que literalmente está escrito "a César o que é de César a Deus o que é de Deus". Admirei Saramago no debate e concluí que o Prémio Nobel está reservado aos melhores, Saramago conduziu-me a essa conclusão, pela palavra.

Um abraço
Carlos Rebola

Manel disse...

As ditas e auto intituladas elites cultas não se sentem à vontade com a democracia cultural que aos pouco desponta. Tudo fazem, tudo têm feito, para que aqueles de origem que não a delas, quer de nome, quer de dinheiro ou fortuna aforrada na maioria dos casos, para não dizer quasi sempre, de forma etica e moralmente reprovável, apareçam como diferentes e capazes. De modo geral o reconhecimento vem de fora para dentro. Daí o nervosismo caciqueiro e paroquial com Saramago demonstrado por aqueles herdeiros das rendas herdadas à custa do Estado que tão caro nos sai.
Faço lembrar que os grandes avanços civilizacionais da sociedade portuguesa têm tido sempre a oposição da Igreja, em especial dos que orbitam à sua volta à babuje com que se alimentam. A inveja é o mal que destilam.

Estou a concluir a leitura do caim de Saramago, em paralelo com o livro dos Géneris.

Um abraço
manel