Educação artística deve ser colocada ao mesmo nível de importância das ciências exactas, defendeu neurocientista António Damásio A falta de ligação entre o desenvolvimento cognitivo e a emoção foi apontada por António Damásio como "preocupante" em termos das consequências que poderá vir a ter nas gerações futuras.O neurocientista, que foi um dos oradores convidados da Conferência Mundial de Educação Artística, que ontem começou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, alertou para o facto de, no mundo actual da globalização e grande velocidade de informação, as aptidões cognitivas das novas gerações se desenvolverem muito mais rapidamente do que as suas capacidades emocionais. "Mas a emoção é essencial para a formação dos cidadãos", sublinhou.O director do Instituto do Cérebro e da Criatividade da Universidade da Califórnia sustentou que "as crianças afectadas nos seus sistemas emocionais, nos primeiros anos de vida, não vão conseguir aprender as convenções sociais dos adultos e, como consequência disso, temos o facto de as patologias sociais, nomeadamente a dependência de drogas, estar a aumentar nas escolas".Para António Damásio, "o ensino artístico é fundamental para o desenvolvimento de bons cidadãos e o seu papel na escola não deve ser secundarizado face a disciplinas como a Matemática ou outras ciências".
Importância dos criativos
Na mesma linha de ideias, também Ken Robinson, conselheiro de assuntos de Educação e um dos mais reconhecidos especialistas no campo da criatividade e inovação, disse acreditar que "a criatividade será colocada um dia ao mesmo nível da aprendizagem das ciências exactas". O especialista considerou ainda que a educação "não deve servir para dar ideia de que apenas a cabeça deve funcionar até porque o corpo é parte indissociável do ser humano". Os currículos, por sua vez, deverão ser "reconsiderados", defendeu, porque "não faz sentido separar o cognitivo das emoções já que ambos fazem parte dos seres humanos".O encontro promovido pela UNESCO em Lisboa contou, na sua sessão de abertura, com a presença de Jorge Sampaio. O PR considerou que, "para uma educação de qualidade não basta garantir o acesso à escola. O insucesso escolar, na base de inúmeros abandonos, deve ser combatido designadamente através do enquadramento de cada aluno, de apoios individualizados, da diversificação das ofertas educativas". Já o secretário-geral da Unesco, Koichiro Matsuuro, afirmou que a organização não deixará de continuar a recomendar aos governos que dêem um espaço de eleição à educação artística nos currículos".
fONTE: JORNAL DE NOTÍCIAS
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